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EMPREITEIRAS investigadas pela Polícia Federal, entre as quais a Queiroz Galvão, receberam financiamentos do BNDES no valor de 2,4 bilhões de reais

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

/ Edivan Gonçalves
Levantamento realizado pelo portal Contas Abertas revela que as empreiteiras investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, que colocou na cadeia a quadrilha que sangrava os cofres da Petrobras e deverá indiciar, pelo menos, 100 deputados e senadores envolvidos no esquema de corrupção, tinham trânsito livre no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Juntas, as empreiteiras Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Galvão Engenharia, OAS, Engevix e Iesa receberam financiamentos de R$ 2,4 bilhões entre 2003 e junho de 2014, em 2.481 operações realizadas em financiamentos indiretos automáticos.
A maior fatia do bolo ficou com a Camargo Corrêa, que recebeu R$ 502,5 milhões por meio de 857 operações, ou seja, média de R$ 586,3 mil por empréstimo. Já a Odebrecht recebeu R$ 449,4 milhões do BNDES em 412 empréstimos, numa média R$ 1,1 milhão por operação junto ao mais importante banco público de fomento do país. A Queiroz Galvão conseguiu empréstimos de R$ 401,2 milhões junto ao BNDES em 619 operações, numa média de R$ 648,2 mil por operação, enquanto a UTC contraiu financiamentos no valor de R$ 134,2 milhões, por meio de 410 operações, numa média de R$ 327,3 mil.
O levantamento do Contas Abertas revela que, também de maneira indireta e automática, a Mendes Junior levantou empréstimos de R$ 56,1 milhões em 89 operações junto ao BNDES, enquanto a Galvão Engenharia obteve R$ 39,8 milhões em 50 operações, OAS conseguiu R$ 18,1 milhões em 16 operações, a Engevix levantou R$ 9,6 milhões em 12 operações e a Iesa conseguiu seis financiamentos no valor total de R$ 971,5 mil.
Ainda que não haja qualquer irregularidade em tomar dinheiro emprestado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social, o que causa estranheza é a soma de R$ 2,4 bilhões durante o governo petista, mesmo porque as empresas comuns encontram dificuldades gigantescas para levantar qualquer financiamento no banco estatal, sobretudo por meio de operações indiretas não automáticas, onde é necessário aprovação prévia do BNDES para créditos com valor mínimo de R$ 20 milhões. Nesse tipo de operação, onde o empréstimo é decidido de forma monocrática, ou seja, por apenas uma pessoa, a Camargo Corrêa levantou R$ 654,1 milhões.
Parte dos R$ 654,1 milhões conseguidos em operação indireta pela Camargo Corrêa foram para financiar a expansão e modernização das plantas de fabricação de cimento em cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Ainda que esse tipo de linha de crédito seja específico para micro, pequenas e médias empresas, o BNDES se defende argumentando que os financiamentos indiretos automáticos podem ser utilizados por empresas de qualquer porte para, por exemplo, aquisição de máquina ou equipamento avulso.
De qualquer forma, é, no mínimo, estranho que as nove empreiteiras pilhadas pela Operação Lava Jato que, juntas, tinham contratos de mais de R$ 58 bilhões com a Petrobras, tenham acesso tão fácil ao dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Social. Coincidentemente, as empreiteiras Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Galvão Engenharia, OAS, Engevix e Iesa aparecem como as maiores doadoras de campanhas políticas nas últimas eleições, financiando, sobretudo, os candidatos do PT.
Em outro levantamento, o Contas Abertas revela que os Ministérios da Defesa, dos Transportes, das Cidades, da Educação, da Ciência, Tecnologia e Inovação, de Minas e Energia e da Integração Nacional também firmaram contratos com as empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato e que, somente em 2014, essas empresas receberam pagamentos de pouco mais de R$ 2 bilhões.
A maior parte dos recursos foi repassada pelo Ministério dos Transportes, pasta responsável pela maior parte do orçamento destinado às empreiteiras, tanto que somente o DNIT pagou R$ 494,3 milhões em contratos com Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Engevix e Mendes Junior. Já a Valec, pagou, somente neste ano, R$ 529,8 milhões às empreiteiras Galvão Engenharia, Engevix, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. O Ministério da Defesa, por sua vez, desembolsou R$ 756,5 milhões à Odebrecht para construção e manutenção de Submarinos Convencionais e Nucleares.
Por Adauto Ferreira - Portal Novos Tempos - Fonte: contas abertas
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