Juntas, essas quatro prefeituras vão gastar mais de R$ 430 mil com os serviços de hospedagem, alimentação e acompanhante de pacientes em Teresina. O maior gasto será da Prefeitura de Picos (a 310 quilômetros ao sul de Teresina), que está realizando pregão novalor de R$ 288 mil para contratar pousada para hospedar os doentes do município. No caso de Picos, o dinheiro é apenas para hospedagem. A Prefeitura de Ipiranga (a 256 quilômetros ao sul de Teresina) prevê gastar R$ 50 mil com os serviços de hospedagem, alimentação e acompanhantes de doentes na capital.
As prefeituras de Acauã (463 quilômetros ao sul de Teresina) e de Anísio de Abreu (568 quilômetros ao sul da capital) estão fazendo licitações de R$ 57.600,00 e R$ 37.500,00 respectivamente, também para os serviços de hospedagem, alimentação e acompanhamento dos doentes. Os gastos dos municípios com o tratamento de pacientes em Teresina expõe um dos maiores problemas da saúde no Piauí: a falta de estrutura médica no interior para atender adequadamente a população. Na maioria dos municípios faltam hospitais equipados adequadamente e profissionais médicos.
O caso mais grave é o de Picos. Terceira maior cidade em importância econômica e em população do Estado, Picos tem um dos maiores hospitais do interior, o Hospital Regional Justino Luz, que deveria atender á população de toda a microrregião picoense, mas que não atende nem os moradores da cidade. O presidente da APPM (Associação Piauiense de Municípios), Arinaldo Leal (PSB), disse ontem que praticamente todos os municípios piauienses contratam serviços de hotel em Teresina para cuidar dos doentes. “Quase todos os municípios abrem licitação para contratar esse tipo de serviço. É uma prática bastante normal, já que no interior não tem estrutura para abrigar grandes centros de tratamento”, explicou ele, que é prefeito do município de Vila Nova do Piauí (a 364 quilômetros ao sul de Teresina).
Segundo ele, algumas cidades não aparecem na lista de licitações porque já possuem casas em Teresina alugadas para abrigar seus doentes. Além dos doentes, a prefeituras também acolhem os familiares para que acompanhem o tratamento como uma forma de prestar mais um serviço de assistência aos pacientes. “Geralmente é pago a estadia e a alimentação. Nesse pacote também tem que estar incluso o acompanhamento para o hospital. Muitos não sabem nem andar em Teresina e precisam dessas pessoas para orientar”, disse o presidente da APPM.
Investimentos do Estado não resolvem problema
O Governo do Estado tem centrado esforços nos últimos anos para melhorar a resolutividade dos hospitais do interior, principalmente os hospitais regionais. No início de abril, o governador Wilson Martins anunciou investimentos de R$ 400 milhões na saúde do Piauí. Ampliação de clínicas, instituição de novos serviços, melhoramento das instalações e estrutura dos hospitais, além da aquisição e instalação de novos equipamentos, estão entre os serviços previstos.
Mesmo com os investimentos, a deficiência no atendimento não fica de todo resolvida porque faltam médicos e especialistas, além de equipamentos, para tratar de doenças neurológicas, crônicas ou câncer. “Por isso, de todo modo os prefeitos acabam tendo que enviar os pacientes para Teresina”, diz o presidente da APPM. Ele cita o caso de Picos, por exemplo: “A cidade é grande tem alguns importantes hospitais mais não tem uma estrutura como Teresina”.
Outro agravante, que faz encarecer o serviço, segundo o presidente da APPM, é que devido a complexidade do tratamento de saúde, muitos pacientes passam meses nestas pensões. “Não temos como não prestar assistência. São pessoas muito necessitadas. Temos no estado o hospital São Marcos, que é referência em tratamento de câncer e quando a doença já vem com a biopsia, o tratamento é feito pelo SUS, mas tem os outros custos. As prefeituras não são obrigadas a pagar pela hospedagem, mas fazemos isso como assistência”, explica.
POR: Cinnara Sales
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